Thursday, June 14, 2007

O Espectáculo começa dentro de momentos

Comentários no www.farmac1a.com

1 comment:

praialusitana said...

Já que o Jovens com Cabeça está sob moderação aqui fica um comentário sobre este tema... no único blog farmacêutico que fala sobre as eleições para BOF e ainda é livre! Obrigado ao seu autor ;)



No dia em que Joe Berardo, o homem que colecciona arte ao kilo, se propõe comprar o Benfica acho que é altura de dizer alguma coisa sobre as Eleições para BOF.

Os problemas da classe farmacêutica, que nestes períodos eleitorais surgem de uma forma mais vincada, são transversais a toda a sociedade portuguesa. Particularmente quando o ambiente externo é hostil há naturalmente uma tendência para a unidade e a defesa do colectivo. No entanto por vezes as divisões são tão profundas ou os interesses instalados são de tal ordem que ultrapassam essa tendência natural. Cada eleição reveste-se de um ambiente muito particular e nem sempre é linear quer o comportamento das listas quer o dos eleitores. Ambas as listas têm apresentado argumentos, mais ou menos válidos, e até mesmo algumas propostas, mais ou menos interessantes, mais ou menos originais.

A lista da Prof. Irene Silveira é isso mesmo, a lista da Prof. Irene, “one woman show”, uma candidatura unipessoal com mais algumas caras com diferentes percursos e motivações muito dispares para ali estarem. As ideias não abundam, pelo menos na cúpula, e a desorganização é grande…

A outra lista já existia antes de ter sido encabeçada pela Dra. Filomena, por isso quando muito poderemos falar da lista do Dr. Aranda sem o Dr. Aranda, mas com a Dra Aranda. A classe não chegou a perceber muito bem a escolha de uma figura secundária para dar a cara por este projecto. Nem sequer a razão de tantas recusas ou falta de condições para o avanço de outras personalidades. Ou mesmo de convites e desconvites…

A Prof. Irene sempre gostou da ideia de ser bastonária. Tem algum tipo de atracção por cargos pomposos e cerimoniais solenes. Pretende acrescentar à sua borla e capelo o colar de bastonária. É vaidosa indiscutivelmente, mas no mundo actual isso nem é dos piores pecados. No entanto tem uma grande determinação e capacidade de trabalho, apesar de não saber bem qual o melhor caminho. Se lhe arranjassem um colar e o cargo de bastonária honoris causa para acrescentar ao CV e aos cartões de visita seguramente já nem se candidatava.

A Dr. Filomena foi indubitavelmente a enésima escolha, o que não quer dizer que seja uma má escolha, mas isso vai-lhe trazer problemas no futuro. Encabeça uma lista cheia de elementos mais fortes do que ela própria e serve de testa de ferro da continuidade. Dificilmente terá forças para fazer vingar os seus pontos de vista próprios, se convencer alguém que tem os seus próprios pontos de vista… e se os tiver verdadeiramente…

Antecedentes
A Prof. Irene sempre pretendeu ser bastonária, chegou a planear essa candidatura contra o Dr. Aranda, e teria sido interessante se o tivesse conseguido nessa época, haveriam de pensar que o Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos tinha que ter sempre o apelido Silveira. No entanto o Dr. Aranda, que sabe viver melhor do que ninguém, conseguiu evitar problemas desnecessários e entregou-lhe um cargo honorífico na sua lista. Apesar disso nunca confiou nela, nem percebe muito bem o que lhe vai na cabeça. Desta forma, não podia deixar a sua capacidade de influência nem o futuro da Formifarma entregue a tal instabilidade, tinha que arranjar uma lista de continuidade assegurada.

E foi assim que ficaram definidos os slogans das candidaturas. A Dr. Filomena seria de continuidade e a Prof. Irene por oposição seria de mudança. Sociologicamente o termo “mudança” é sempre mais apelativo, principalmente quando o contexto actual é difícil, e nesta medida rende sempre mais votos. A sociedade portuguesa sempre preferiu mudar, e sempre escolheu mudar mesmo sem saber para o que iria mudar… Defender a continuidade com uma figura de segunda linha é tarefa ainda mais difícil, e a evolução da continuidade não resultou com Marcelo Caetano precisamente porque “continuou” a defender a opcção colonial. As colónias sempre foram a salvaguarda da nossa independência, tendo servido muitas vezes de moeda de troca, em 1640, no ultimato e mesmo durante o Estado Novo, mas foram também a perdição do nosso país.

A luta pelo Poder
Claro que quem tem poder dificilmente abdica dele. Ainda por cima quando precisa dele para viver, ou para viver bem, ou mesmo para viver melhor. E há ainda o caso dos que não sabem fazer mais nada da vida. Veja-se o caso do nosso primeiro, que se não fosse político já nem tinha habilitações para fazer mais nada… Mas o que chamamos poder é sempre relativo tendo em conta o termo de comparação. Nestas eleições estamos a falar da luta por um pequenino poder, porque o verdadeiro poder farmacêutico tem sede em Sta Catarina. E ainda bem que por lá não há limitações estatutárias aos mandatos, porque senão já não teríamos a farmácia comunitária que hoje temos, o sector estaria seguramente bem pior e … já por lá se tinham todos comido vivos, “a ver navios”. Vai ser bonito e triste ver um dia esse circo.

Temas de Campanha
A renovação da carteira profissional foi dos primeiros temas quentes da campanha. E no fundo todos os farmacêuticos compreendem o que se está a discutir. De um lado a Prof. Irene levantou a questão mas não sabe, nem nunca soube enquanto ocupou cargos na Ordem, o que propor. Do outro lado a lista A (A de Aranda?!?) pretende manter os negócios instituídos … Rumos, ANF, Católica, ISEG, Lusófona e afins…
A Prof. Irene pretende inaugurar a nova sede para ter mais uma placa com o seu nome. A Dra. Filomena pretende inaugurar a nova sede porque o sistema que a lançou decidiu que deveria ser ela.

ANF
Incontornável na realidade farmacêutica portuguesa, tem sabido manter-se… publicamente… alheada destas eleições. E ainda bem, porque se agora já existem mensagens de telemóvel, se a ANF apoiasse alguém cada vez que se terminava uma venda no Sifarma aparecia uma janela a dizer VOTA qualquer coisa… No entanto a ANF mantém sempre o seu poder de veto. Se fosse um país seria um dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Para o bem e para o mal é verdadeiramente a única instituição do sector farmacêutico em Portugal que verdadeiramente conta. Do futuro bastonário espera-se que saiba evitar confrontações desnecessárias no seio da classe mas que publicamente tente parecer independente da ANF.

Regionais
No Porto parece que anda tudo meio desavindo. A continuidade apesar de tudo parece representar alguma estabilidade. Mesmo que essa estabilidade seja um pouco amorfa e sem alma.
Em Coimbra o confronto é constrangedor. O Prof. Batel não deve perdoar à Prof. Irene ter-lhe arranjado adversários tão medíocres. Ninguém merece ganhar um campeonato contra as Ilhas Faroé ou contra o Lichtenstein, sabe a pouco e ofusca o mérito. Não se faz a ninguém, foi muito feio da parte da Prof. Irene.
Em Lisboa o Dr. Marques da Costa jogou pelo seguro e recusou fazer o upgrade. Esse tacticismo poderia ter causado problemas.

Pelo caminho destas eleições tem havido ainda plágios, jantares de gala com a classe mas sem classe, alguns insultos, descoordenação, guerras silenciosas, e mensagens de telemóvel!!!!!!!!!!! Realmente não há limites para a mente humana.
Enfim nada de surpreender num país pouco maior do que um aeroporto… e que mesmo assim não sabe para onde mandar os aviões…

A história não se repete… mas a Prof. Irene faz-me lembrar o Cardeal Cerejeira … e a Dra. Filomena o Almirante Américo Thomás … No more coments…

LOLOLOLOLOL

PS - “Esta choldra é (mesmo) ingovernável”, como dizia D. Carlos e tem sido o que se vê...